terça-feira, abril 27, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Terminei hoje a leitura do livro "Caim" de Saramago. Li-o, quase sempre, nas idas para o trabalho, em ônibus cheios e lentos, às vezes em pé e raras vezes sentado. "Caim" foi meu companheiro virtual de viagem nesses últimos dias.

Confesso que estranhei a organização do livro, com seus parágrafos intermináveis (há casos em que o capítulo inteiro se constitui de um único parágrafo), sua pontuação confusa e a grafia de nomes próprios como "caim", "abel", "deus" sempre iniciados com letras minúsculas. Não sei o que levou o autor a organizar assim sua obra, mas se era seu intento causar-me desconforto, certamente conseguiu. Imaginem o quanto sofri, lendo dentro de um ônibus urbano, em meio a solavancos constantes, freiadas bruscas e aceleradas nervosas! Era quase impossível não me perder naqueles parágrafos eternos e de pontuação diferenciada!

Mas Saramago é Saramago. Prêmio Nobel em literatura e, como tal, em posse do direito legítimo de escrever do jeito que melhor lhe apetece e até inventar moda. E, convenhamos, ele escreve bem demais! Em seu livro, Saramago brinca com as palavras com tal facilidade, elegância e beleza que logo despertou em mim o meu sombrio lado "caim". Isso mesmo. Quanto mais o lia, mais a inveja me consumia. Não tardei em ver nele um "abel" que precisava ser eliminado, por ser melhor – muito melhor – que eu no manejo das letras e na arte de escrever. Senti-me preterido pelos deuses que deram a ele (Saramago) o dom da eloqüência verbal, a habilidade de se expressar em palavras com maestria divina. Entre um capítulo e outro, comecei a engendrar planos maquiavélicos para bani-lo da face da terra. Mais uma vez, a história de Caim e Abel se repetia, desta vez tendo a mim como um dos protagonistas. Qual seria o desfecho?

Felizmente, não levei a termo minha más intenções. Primeiro porque o livro chegou ao fim antes que minha cota de inveja e rancor transbordasse em ações homicidas e, segundo, porque o Saramago não deu as caras em nenhum dos ônibus em que eu estava. Pelo visto, além de escrever bem ele também tem muita sorte (rs).

Quanto ao enredo, confesso que esperava mais. Entre pitadas de humor, ironias e sarcasmos, o caim de Saramago é-nos apresentado como um herói, um homem ressentido contra seu deus, um andarilho que viaja no tempo e que sempre aporta em momentos da história bíblica nos quais as ações divinas podem ser tomadas como más, absurdas, irracionais, violentas, desumanas e nada divinas. Parece-me que, no entender desse caim, o problema do mundo e o sofrimento humano são conseqüências da existência desse deus imaturo, invejoso, rancoroso e tirano a quem temos o dever de adorar e servir. Esse "caim" teria matado "abel" por não ser capaz de matar o próprio "deus". Por intenção, portanto, deus estava morto para ele.

Depois de concluída a leitura, peguei-me perguntando a mim mesmo se ao Saramago, tão hábil com as palavras, não faltou perícia no uso de algumas expressões e colocações. Como é do saber de todos, a Bíblia é uma relíquia religiosa e cultural, o livro sagrado de milhões e milhões de pessoas, muitas das quais se sentem ofendidas ao perceberem o descaso e suposto desrespeito demonstrando por uma sumidade laureada com o Prêmio Nobel. É certo que, ao Saramago, não faltou perícia. Ele sabia muito bem o que estava escrevendo. Parece-me que ele gosta desse tipo de provocação. Lembremo-nos de sua afirmação pregressa, polêmica, provocante de que "a Bíblia é um manual de maus costumes".

Concluindo, é sempre bom ler Saramago. Admito que algumas perguntas levantadas por ele em alguns diálogos entre "caim" e "deus" são intrigantes. A despeito disso, classifico o livro como entretenimento, distração, um sedativo que me ajudou a encarar os ônibus lotados e trânsito moroso de São Paulo.
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sábado, abril 24, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Deparei-me há pouco com uma pesquisa interessante realizada pelo Datafolha em dezembro de 2009 e divulgada em Janeiro deste ano. Trata-se do ranking das maiores torcidas do Brasil.

O Flamengo aparece no topo com 19% da preferência, seguido pelo Corinthians e demais times. O curioso é que lá embaixo, em "último" lugar e superando até mesmo a grande nação flamenguista, aparece o percentual de brasileiros que sequer torcem pela nossa seleção. Esses, representam 23% da população.

Ademais, ouso afirmar que boa parte dos que se declararam torcedores de um ou de outro time, não está nem aí para futebol. Entre esses me situo. Acompanho as notícias para não ficar por fora. Quando dá, assisto aos jogos das finais de campeonatos e me reconheco como um admirador da arte de se jogar bola, arte como o que vem sendo apresentado pelo Santos ultimamente. Mas se houver algo mais interessante para fazer, dispenso, sem remorso, até mesmo um jogo da seleção em copa do mundo.


Para mais detalhes, acesse: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_das_maiores_torcidas_de_futebol
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sábado, abril 17, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges

Não resisti à tentação e adquiri ontem o último romance de José Saramago, chamado "Caim". Por enquanto, li apenas o primeiro capítulo, suficiente apenas para aguçar meu interesse na leitura.

Como é de se esperar, o enredo se ancora no personagem bíblico que veio a ser o terceiro humano a habitar este planeta e o primeiro a, de fato, nascer nele. Saramago não é cristão. Não acredita em Deus e chega mesmo a afirmar que "a Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana." [1]

O livro (e seu autor) tem sido alvo de muitas críticas, principalmente da igreja católica.

Em breve, colocarei aqui minhas impressões sobre essa leitura.


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domingo, abril 11, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Divirtam-se com o vídeo abaixo (duração: 2 minutos).

sábado, abril 10, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
"Prosa" é o que se elabora ao digitar textos iguais a este, organizados em parágrafos e sem nenhuma divisão rítmica intencional. "Poesia", por outro lado, é a arte de usar a linguagem humana com fins estéticos; de dar a elas nuanças sublimes - difusas, mágicas - que as fazem transcender seu significado literal e as capacitam a expressar aquilo que as palavras, por si só, não conseguem dizer.

Gosto de escrever em prosa, sabem por quê? Porque é a único modo em que consigo escrever! Gostaria de saber me expressar em forma de poesia! Gostaria... Mas esse dom me foi negado; essa habilidade, infelizmente, não consegui desenvolver... Até tentei, sem êxito, porque, como assevera a sabedoria popular, "o poeta nasce..."

Contudo, essa minha limitação não me impede de apreciar a sonoridade métrica de um verso, nem me desencoraja da busca pelo significado abstrato que se funde e confunde com sua forma concreta.

É fato que, nem sempre consigo interagir com uma poesia como, suponho, se deve fazê-lo, isto é, por meio do coração. Quase sempre me deixo influenciar pela cabeça pensante e permito que a razão se interponha como elemento mediador. E ao usar esse filtro, a magia se desfaz. E grande parte da arte se esvai. E os segredos se mantêm velados. E os mistérios permanecem ocultos. E a beleza perde o encanto. E o ler poesia se torna mais pesado do que o ler um jornal especializado em economia...

Em tempos tão corridos, ler prosa tem-se mostrado mais prático e eficiente do que ler poesia. Poesia requer atenção, concentração, sensibilidade, entrega, dedicação, abstração, reflexão e tempo. E quem, hoje em dia, tem tempo para poesia?

Ah! Mas hoje, sábado. E neste hoje, encontrei um tempinho para apreciar uma poesia de inspiração religiosa, que encerra em seus versos tal profundidade e beleza que eu, com minha prosa inculta e insossa, nunca serei capaz de expressar...

E me percebo acometido por um dos sete pecados capitais: a inveja! Como gostaria de ser poeta! Como gostaria de ter esse dom! Como gostaria de ter sido eu o autor de tão bela obra de arte! Como gostaria de... Opa! "Para trás, Satanás"!

O que transcrevo, abaixo, é poesia, pura poesia: arte de dizer o indizível, de dar forma ao informe; de tocar o intocável. E por mais que eu multiplique aqui minhas débeis palavras, não conseguirei transmitir o que essa poesia, em sua simplicidade e beleza, consegue expressar... porque não sou poeta, não tenho alma de poeta, não aprendi usar palavras para superar as limitações e incongruências inerentes às palavras. Resta-me, então, resignar-me em silenciosa admiração - estático e extático.

Faço-lhe um convite: aprecie comigo a poesia de Tereza de Ávila, que viveu no século XVI e foi canonizada cem anos mais tarde.

A Cristo crucificado

Não me move, meu Deus, para querer-te
O céu que me hás um dia prometido:
E nem me move o inferno tão temido
Para deixar por isso de ofender-te.

Tu me moves, Senhor, move-me o ver-te
Cravado nessa cruz e escarnecido.
Move-me no teu corpo tão ferido
Ver o suor de agonia que ele verte.

Moves-me ao teu amor de tal maneira,
Que a não haver o céu, ainda te amara
E a não haver o inferno te temera.

Nada me tens que dar porque te queira;
Que se o que ouso esperar não esperara,
O mesmo que te quero te quisera.
domingo, abril 04, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
No texto publicado anteriormente (clique aqui para lê-lo), registrei minhas impressões a respeito da leitura do livro "Deus Existe" de Antony Flew. Transcrevo abaixo algumas palavras do próprio autor, extraídas do último capítulo dessa obra.

A ciência, como ciência, não pode fornecer um argumento a favor de Deus, mas as três peças de evidências que analisamos nesse livro – as leis da natureza, a vida como uma organização teleológica e a existência do universo – só podem ser explicados à luz de uma Inteligência que explica tanto sua própria existência, como a existência do mundo. A descoberta do Divino não vem através de experimentos e equações, mas por uma compreensão das estruturas que eles revelam e mapeiam.

Agora, tudo isso pode parecer abstrato e impessoal. Alguém pode perguntar como eu, como pessoa, reajo a essa descoberta de uma suprema Realidade que é um Espírito onipresente e onisciente. Volto a dizer que minha jornada para a descoberta do Divino tem sido, até aqui, uma peregrinação da razão. Segui o argumento até onde ele me levou, e ele me levou a aceitar a existência de um Ser auto-existente, imutável, imaterial, onipresente e onisciente...

Para onde irei agora? Em primeiro lugar, estou inteiramente disposto a aprender mais sobre a divina Realidade, especialmente à luz do que sabemos sobre a história da natureza. Em segundo lugar, a questão sobre se o Divino se revela na história humana continua sendo um válido tópico de discussão. Não podemos limitar as possibilidades da onipotência, apenas excluir o que for logicamente impossível. Tudo o mais é aceitável à onipotência.
[1]

Referência
[1] – Deus Existe, páginas 144 e 145.
domingo, abril 04, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
O título acima me remete ao décimo e último capítulo do livro "Deus Existe" de Antony Flew. Pareceu-me que esse título conseguiu captar, de forma concisa, sua atitude e postura atuais, que se contrapõem a sua história de defesa do ateísmo. História essa que se estendeu por mais de cinco décadas e ficou registrada em diversas publicações que lhe renderam popularidade e respeito entre que defendem a hipótese da não existência de Deus. Tal mudança de rumo em sua vida despertou em mim enorme curiosidade, embora não me tenha surpreendido.

Curiosidade porque Antony Flew é conhecido como um dos maiores defensores do ateísmo nos últimos cinqüenta anos; por ser, ele, um grande vulto no campo acadêmico e uma referência em se tratando de apologia ao ateísmo. Fiz a mim mesmo a pergunta que muitos certamente fizeram também: o que o levou a mudar de lado?

A despeito dessa curiosidade, confesso não ter ficado surpreso, porque entendo que as pessoas verdadeiramente sábias tendem a ser igualmente humildes. O sábio, suponho, ciente da dinâmica da existência e das limitações e inconstância do saber humano, admite e presume que a verdade de hoje possa perder esse status amanhã. E em se confirmando essa suposição, ele se dispõe a rever seus conceitos, reavaliar suas idéias, reestruturar sua posição e reformular sua visão do mundo e da realidade. Flew, em minha opinião, se encaixa nesse perfil de sabedoria.

Durante a leitura fica claro que o lema de Flew sempre foi "seguir o argumento até onde ele o levasse". Tal atitude o levou à defesa do ateísmo, sempre ancorado em argumentos racionais, que podem ser lidos nos vários livros e artigos que publicou. Contudo, em dado momento, esse mesmo princípio – o de seguir o argumento até onde ele o levasse – o conduziu a conclusões inusitadas, que o levaram a reconsiderar sua posição, mudar de lado e a declarar publicamente que Deus existe. Julgo importante destacar que essa afirmação não resultou de um "encontro com o Sagrado", mas de uma descoberta de natureza puramente racional.

Não pretendo, aqui, discutir os argumentos apresentados e defendidos por Flew. Reconheço e admito não ter autoridade para concordar ou discordar deles. Não sou filósofo nem cientista. O máximo que posso fazer é emitir uma opinião pessoal que, como qualquer opinião, vale mais para quem a emite do que para quem a lê ou ouve.

Já adianto que tenho grande admiração por aqueles que, consciente e deliberadamente, mudam de posição quando convencidos de que essa é a decisão a ser tomada. É preciso muita coragem para sair da zona de conforto e enfrentar os desafios impostos pela mudança. Essa atitude, por si só, despertou em mim respeito pelo autor e interesse em ouvir o que ele tinha a dizer.

Quanto ao conteúdo do livro em si, gostei da leitura e a recomendo a todos que se interessam por esse tema. Porém, é possível que aqueles que esperam encontrar nas páginas desse livro referências ao Deus cristão se decepcionem um pouco. O Deus em quem Flew passou a acreditar é descrito por ele como "um Ser auto-existente, imutável, imaterial, onipotente e onisciente"[1], até aqui, parecido com o Deus da Bíblia. Mas as semelhanças param por aí. Não encontrei, em seu livro, nenhuma alusão a um Deus pessoal, amigo e interessado nas particularidades da vida de seus filhos. Flew faz questão de afirmar que não acredita em outra vida ou sobrevida ou vida após a morte. Conseqüentemente, não há um céu a buscar ou inferno a temer. Em outras palavras, embora acredite em Deus, seria errôneo de nossa parte presumir que ele tenha se tornado um cristão.

Seja como for, é bom saber que homens como Flew, e outras tantas autoridade do mundo acadêmico citados por ele, fazem parte de uma comunidade crescente de filósofos e cientistas que acreditam na existência de uma Mente Criadora.

Deus existe! É a conclusão a que Flew chegou. Para não me alongar mais, colocarei um ponto final nesta postagem e publicarei , em breve, as próprias palavras dele, extraídas do último capítulo de seu livro, que sintetizam muito bem seu pensamento e posição.

Até mais!

Referência:
[1] Deus Existe, página 144.
domingo, abril 04, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges

"Quando eu estava subindo a escada,
Encontrei um homem que não estava lá.
Ele não estava lá hoje também.
Ah, como eu queria que ele fosse embora!"


Autor: Willian Hughes Mearns.

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sábado, abril 03, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges

O feriado de páscoa prossegue. Desci a serra do mar e estou aqui, descansando sob um cobertor de nuvens que deixa o tempo bastante abafado no litoral. Choveu fraco pela manhã e o Sol, preguiçoso, não fez questão de brilhar. No fim do dia a chuva voltou, suave e constante, aliviando o calor e deixando a noite agradável.

Aproveitei boa parte do dia para concluir a leitura do livro de Antony Flew "Deus Existe", faltam ainda os apêndices "A" e "B", os quais lerei mais tarde. Pretendo postar aqui, em breve, minhas impressões sobre essa leitura.

Por enquanto, segue o resumo de minhas corridas em 2010. De certa forma, é mais do mesmo, portanto não precisarei me alongar: pouco treino, algumas lesões, nenhuma participação em eventos e por aí vai. O ponto positivo é que, apesar de tudo, ainda estou treinando e o prazer de correr permanece comigo, não tão intenso quanto no passado, mas ele está aqui, digitando esse texto comigo.

O gráfico exibido acima compara o volume de treino atual (2010) com o do ano anterior (2009). Até aqui foram 257 quilômetros de treino em 2010 contra 309 quilômetros no mesmo período em 2009. Preciso dar uma equilibrada nesses números!
sábado, abril 03, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
O atual calendário de páscoa é, no mínimo, confuso. Não estou me referindo à forma de se calcular a data em que a páscoa será comemorada e sim à seqüência de eventos relembrados nesse feriado de origem judaico-cristã.

De acordo com a narrativa bíblica, Jesus entrou em Jerusalém numa quinta-feira e seu martírio se deu na sexta-feira, véspera da páscoa judaica. Durante a páscoa ele permaneceu no túmulo e na manhã de domingo ressuscitou. Essa seqüência de eventos difere da que é seguida, hoje, pelo mundo cristão. Vejamos:

Sexta-Feira "santa". Relembramos a morte de Jesus. Ok.

Sábado de "aleluia". Festeja-se a ressurreição de Cristo. Aqui começam as diferenças cronológicas. Deveria ser sábado de "páscoa".

Domingo de "páscoa". A diferença prossegue. Deveria ser domingo de aleluia, em comemoração à ressureição de Cristo.

Seja como for, penso que a maioria não se incomoda com essas incongruências e aproveita a páscoa para viajar e descansar.
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quinta-feira, abril 01, 2010 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Faz um tempão que não passo por aqui. O blog ficou entregue às moscas. Mas hoje, véspera de feriado, voltei a este espaço, para remover a poeira e abrir janelas e portas, na esperança de que ar puro e luz solar possam entrar e revigorar as páginas deste site.

A vida vai bem, graças a Deus, apesar do ritmo intenso que me deixa quase sem tempo para investir em mim mesmo. Mas hoje, já em clima de feriado, me permiti revisitar este espaço em que, "de texto em texto" vou tecendo pretextos para falar comigo mesmo sobre temas variados.

Amanhã será feriado, graças a Deus, literalmente! Digo "literalmente" porque, de acordo com a tradição cristã, foi há muito tempo e muito distante daqui, numa sexta-feira, que o comum e o extraordinário se manifestaram "em carne e osso" na pessoa de Jesus de Nazaré, transformando a cruz – horrendo símbolo de morte – em forte e significante emblema de vida.

O tempo passou. Uns dois mil anos... Muito tempo! E o tempo, com seu poder corrosivo, deixou sua marca na história desses dois milênios: arruinou impérios, destruiu nações, sufocou povos, apagou fatos, desgastou lembranças e encobriu grande parte da própria história. Curiosamente, a história de Jesus de Nazaré – o homem que era Deus, ou o Deus que era homem – não só resistiu à ação erosiva do tempo como também ganhou força, renovou-se e conquistou milhões de seguidores em todo o mundo!

O que de fato aconteceu naquela longínqua sexta-feira lá "nos páramos da Palestina" (como dizia um velho amigo, de quem guardo lembranças e saudades) não se pode saber ou afirmar com certeza. Mas a fé cristã, fé que metaforicamente se faz certeza naquele que crê, aceita e entende que, naquele dia, o Céu se abriu para conceder à humanidade o maior dos dons: o direito à vida plena e eterna, desfazendo a maldição da morte que pairava, qual sombra sinistra, sobre todos filho de Adão.

Amanhã terá início o feriado de páscoa... graças a Deus! Pretendo fazer bom uso dele.
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