quinta-feira, fevereiro 24, 2011 | Autor: Ebenézer Teles Borges

A correria da vida tem me privado de tempo para pensar. Sou um ser pensante, ou pelo menos deveria ser. Tenho sido um "pensante não praticante". Ultimamente tenho abusando do piloto automático. De casa para o trabalho, do trabalho pra casa. E entre uma coisa e outra, longas e enfadonhas horas no trânsito neurótico de São Paulo.

Tenho tomado, à cada manhã, a pílula da condescendência com essa realidade mórbida e, sob seu efeito, passo a encarar os fatos como "normais". Sigo, ao longo do dia, sonolento, entorpecido, distante... até que um fato novo se encarregue de me despertar. E foi isso que aconteceu. Nos últimos dias fui tocado por dramas vividos por colegas de trabalho e familiares diante do inexorável, do inevitável: A morte.

O tempo passa para todos e leva consigo a beleza da forma, o vigor da juventude e, por fim, a própria vida. A morte mora ao lado. Segue-nos como sombra. Está sempre em nosso encalço e se aproxima perigosamente à medida que o tempo de vida avança. Por fim ela sempre nos alcança, abraça, envolve, aniquila.

Começamos a morrer assim que nascemos. Contradição insuperável: a vida traz em seu cerne a semente da morte! Essa semente brota, cresce e se faz árvore, cujas sombras densas nos cobre.

Dizem que a única certeza absoluta que se pode ter é que a vida terá um fim, cedo ou tarde. Há os que acreditam que é dessa certeza indigesta que brotam os delírios da imortalidade e as crenças na ressurreição do corpo, na imortalidade da alma, na vida após a morte, ou algo do gênero. Faz sentido?

E eu que seguia embalado pela rotina - meio vivo, meio morto - fui chacoalhado por sinais vindos de vários lados alertando-me para o fato de que é preciso viver de forma plena.

Pois é... Hoje, antes de ir dormir, resolvi resgatar minha capacidade (quase perdida) de pensar. E pensei. E me dei conta de que o tempo está passando e a vida se desbotando. É preciso viver!
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4 comentários:

On 25 de fevereiro de 2011 às 08:37 , Enéias Teles Borges disse...

Para quem gosta de pensar, como você, existe uma solução de médio e longo prazo ao alcance; fugir de Sampa e morar em Campos do Jordão. Longe da correria e num lugar em que é fácil pensar e apreciar.

SDS

 
On 25 de fevereiro de 2011 às 10:03 , Cleiton Heredia disse...

Vamos fazer uma trilha qualquer dia destes?

 
On 25 de fevereiro de 2011 às 11:34 , Eduardo Medeiros disse...

os convites acima são uma boa ideia...

a morte sempre será um inimigo, um absurdo. e não adianta os naturalistas dizerem que a morte é algo natural, natural, pois isso não chega à razão da alma humana.

cada um, entretanto, tem que conviver com ela da melhor forma possível, sendo acreditando que ela não é o fim ou acreditando que por ser ela o fim, deve aproveitar ao máximo e ter um vida plena.

como disse uma vez o rubens alves, quando você faz as pazes com a morte, tudo fica mais tranquilo.

 
On 25 de fevereiro de 2011 às 17:51 , Cleiton Heredia disse...

O problema nesta vida não está em viver sabendo que iremos morrer, mas sim em morrer sabendo que não soubemos viver.

 
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