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sexta-feira, agosto 05, 2011 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Em uma rara passada pelo Facebook, encontrei três citações interessantes na página de uma amiga e ex-colega de trabalho, as quais reproduzo abaixo:

1. "É melhor uma verdade que dói do que uma mentira que conforta"

2. "Há mais pessoas que desistem do que pessoas que fracassam"

3. "Somos o que repetidamente fazemos. A excelência não é um feito, mas um hábito"
    quarta-feira, agosto 05, 2009 | Autor: Ebenézer Teles Borges
    Não dá para falar sobre minhas crenças sem recuar no tempo e regressar a minha infância. Então, vamos lá! Lembro-me muito bem do dia em que meu irmão me surpreendeu com a seguinte pergunta: "Quem é seu maior inimigo?". Hesitei um pouco antes de lhe responder que era o Diabo. "Não!", retrucou, ele, com firmeza e aparente convicção: "seu maior inimigo é o Ego". E eu, que até então desconhecia a existência dessa palavra, não tive outra alternativa senão lhe perguntar quem era esse tal de Ego. A resposta me pareceu sem nexo: "O Ego é você mesmo!". Fiquei pensativo, confuso e resolvi "consultar os universitários", isto é, o meu pai, que confirmou a história: Eu era, de fato, meu maior inimigo!

    Nada daquilo fez sentido para mim. Como poderia eu mesmo ser meu maior inimigo? Não percebia em mim essa auto-hostilidade toda, nem me via como uma ameaça dissimulada a mim mesmo. Contudo, vindo de meu irmão e tendo o aval de meu pai, não havia por que discordar e, resignado, acolhi essa nova crença como verdadeira, passando a divulgá-la entre meus amigos.

    Esse episódio serve para ilustrar o que me aconteceu reiteradas vezes no passado e que, talvez, possa ter-lhe ocorrido também. Ao longo da vida, dei guarida a muitas crenças cuja única âncora era o testemunho de pessoas em quem eu depositava confiança cega. A lógica por trás dessa minha atitude é de fácil compreensão: se tais pessoas eram de minha confiança, logo tudo que me diziam era confiável, fidedigno, verdadeiro, inquestionável. A vida, no entanto, se encarregou de me abrir os olhos para o fato de que as boas intenções e o cuidado sincero daqueles que nos amam não são salvaguarda inabalável contra o engano.

    Por isso hoje, ao tentar falar sobre minhas crenças, faço questão de começar enfatizando algo que você certamente já sabe: eu sou humano e fui educado por humanos. Saliento isso porque nós, humanos, às vezes nos esquecemos que "os outros" também o são. A imperfeição faz parte de nossa natureza e, por conta disso, incorremos em erros freqüentemente. Eu, por exemplo, não posso negar que já falhei diversas vezes na vida e até perdi a conta das muitas escolhas equivocadas que fiz. E não me refiro aqui apenas a erros intencionais, aos quais sempre busquei evitar, mas principalmente àqueles deslizes sutis que cometemos ao tentar acertar!

    Com relação as minhas crenças, sempre almejei aquelas que pudessem estampar o selo da verdade. Mais que isso, eu sempre acreditei ter acertado na escolha delas. Mas sou humano e cognitivamente imperfeito. Portanto, posso sim ter me equivocado e albergado crenças falsas.

    É por essa razão que me faço a seguinte pergunta: Será que me enganei em crer no que sempre cri? Logo eu, que sempre acreditei que os outros é que estavam enganados?

    Admitir essa possibilidade não me foi tarefa fácil ou agradável. Causou-me certo desconforto por ir de encontro à minha natureza. Como todo ser humano, gosto de estar certo sempre, de pisar em solo firme, de me sentir seguro em minhas convicções. Ser-me-ia mais cômodo assumir a autenticidade de minhas crenças e insistir na defesa deles, mesmo que, para isso, fosse necessário fechar os olhos às evidências, distorcer fatos e fazer alguns ajustes na realidade.

    Confesso-lhe que por um breve tempo tentei agir assim. Tentei acomodar a realidade aos moldes de minhas crenças. Esforcei-me para "empurrar" o mundo numa determinada direção. Mas falhei... Aprendi uma lição: empurrões honestos e sinceros também provocam acidentes!

    Outra lição que aprendi à duras penas é que minhas crenças nunca tiveram o poder de legislar sobre a realidade. Isso mesmo. Minhas crenças, por mais que me parecessem verdadeiras, por mais que me trouxessem conforto e segurança, por mais que me fizessem sentir-me especial, eram apenas crenças, isto é, um palpite vago, uma aposta incerta, um desejo hesitante, uma esperança frágil e trêmula de revestir de sentido essa realidade fria e rude que nos cerca, envolve, fascina, assusta e surpreende.

    Que devo, então, fazer com minhas crenças? Desfazer-me de todas elas?

    Penso que não. Devo, isto sim, revisá-las com cuidado, atenção, interesse e o máximo de isenção possível, consciente de que nem todas são falsas e nem todas verdadeiras.

    Outrossim, devo proceder com humildade e me dispor a abrir mão daquelas crenças que se mostrarem falsas: crenças alienantes, crenças que me distanciam da realidade, que me afastam dos seres humanos, que me induzem a ver a mim mesmo como um ente especial e me instigam a virar as costas para o mundo por julgá-lo vil e mal.

    Este mundo, com seus encantos e dores, é nossa casa e devemos nos unir na árdua tarefa de transformá-lo em um lar melhor para todos nós. Eis aí uma bela crença a ser cultivada e incentivada – a crença de que podemos dar as mãos e, juntos, construir aqui mesmo um mundo melhor para todos!
    sábado, maio 23, 2009 | Autor: Ebenézer Teles Borges
    Há dias em que não sinto a menor vontade de sair da cama. Não que a cama esteja assim tão boa. É que o que me espera fora dela desanima. Até onde sei essa indisposição pode acontecer (e acontece) com qualquer um, menos com o Super-Homem, que não é deste mundo. E eu, que não sou kriptoniano, me peguei ontem em um desses dias de desencanto e mal-estar.

    O motivo? Nada de grave. Nada que você ou qualquer um que já cresceu não tenha experimentado: um probleminha aqui, uma preocupaçãozinha ali, um incômodo acolá. Apenas isso. Nada demais. Coisas de adulto... Em dias assim, sabe-se lá por que, essas coisinhas pequenas tornam-se grandes o bastante para me assustar. E a ansiedade aparece, o desconforto cresce e o rio da vida deixa de fluir com leveza. Melhor seria se pudesse permanecer na cama...


    Mas não dá. É preciso levantar, erguer a cabeça e ir à luta. Somos adultos. Descobrim
    os que não somos especiais nem estamos imunes aos males que a vida traz. É claro que a vida tem seu lado bom e belo. Sabemos disso. Mas, em dias assim, cinzentos, esse saber não nos consola. Prevalece a falta de ânimo. O corpo padece, a alma entristece e a vida perde o brilho. Dá vontade de voltar a ser criança e escapar dos compromissos e obrigações da vida adulta... E quem nunca se sentiu assim que atire a primeira pedra!

    Tenho pra mim que o mundo da criança é bem mais interessante que o do adulto. Ele se apresenta cheio de vida, encanto, vibração e surpresas. É um mundo que se renova a cada instante, que se revigora a cada novo olhar.

    O mundo do adulto, por outro lado, afigura-se um tanto sisudo e chato,
    cansativo e monótono, enfadonho e repetitivo. Nele, trabalha-se muito, diverte-se pouco e a inocente exploração da realidade cede lugar à tediosa e responsável luta pela sobrevivência. As preocupações aumentam, o vigor físico diminui e a saúde começa a vacilar. O tempo deixa de ser um aliado e o futuro não se mostra mais tão amigo e amistoso quanto antes. Ser adulto não é fácil e nem sempre é bom. Às vezes chega a ser terrível e assustador. É quando, no íntimo da alma, sobrevém o espanto. E o homem se sente inseguro como menino, qual ave que saiu do ninho, sem saber se é capaz de voar.

    Quem, alguma vez na vida, não se cansou de ser adulto? Quem nunca sentiu saudades da infância? E quem nunca desejou ter um pai amoroso, protetor e provedor, que assuma a responsabilidade e pague nossas contas? (Penso que tolo é quem não quer ter vida mansa).

    Não estou só nesse desejo. E se duvidam, peço-lhes que deem uma olhada nas igrejas. Elas estão aí, em todo canto, em cada esquina. São erguidas do dia pra noite. Proliferam-se como se fossem ervas daninhas, embora não sejam. São flores que desabrocham sob chuvas de bênçãos que descem do céu. Observem-nas: a cada dia estão mais cheias de fiéis, pessoas que, cansadas da luta, buscam alívio nas promessas de prosperidade aqui e na esperança de facilidades futuras. Almejam ir para o Céu, um lugar especial no qual doenças não entram, tristezas não há, também não há contas a pagar, nem trabalho extenuante, nem rotina enfadonha, e muito menos adultos... Isto mesmo. No céu não há adultos, apenas crianças. Lá seremos todos inocentes e felizes. E teremos asas, como anjos e pássaros, com as quais poderemos voar sem medo.

    Com efeito, o céu é um lugar destinado a crianças. Lá adulto não tem vez. É o que diz a Bíblia (S.Mateus 19:14). Nicodemos, um adulto, não estava credenciado a entrar nele a menos que renascesse como criança (S. João 3:3). Está escrito: "Se não ... vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus" (S.Mateus 18:3).

    E ao que me parece, as igrejas estão interpretando esses textos ao pé da letra. Estão tentando transformar adultos em crianças. Tarefa difícil, senão impossível. Mais fácil é condicioná-los à agirem de modo infantil. E nisso elas estão logrando êxito. Duvidam? Então vou lhes dar um exemplo de aluno dedicado e que foi até elevado ao status de "santo", S. Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus (os jesuítas). Ele afirmava e testemunhava da mudança que lhe ocorreu com as seguintes palavras: "Acredito que o branco que eu vejo é negro, se a hierarquia da igreja assim o tiver determinado" [1]. Pronto. Virou criança!

    Sinceramente, gosto de criança, mas adulto com comportamento infantil me enoja.


    E retornando ao incidente que motivou esse texto, ontem acordei desmotivado, sem disposição para encarar os compromissos do dia. Senti até o desejo de voltar a ser criança, de poder não ser responsável, de deixar que outros decidissem tudo por mim. Mas ainda ontem, ao me lembrar do exemplo desse "santo", percebi o quão feio é ser pueril depois de já ter crescido. Se para ser santo é preciso agir assim, contento-me em permanecer pecador. Se ser criança é proceder dessa forma, prefiro continuar adulto.

    Não pretendo abrir mão de meu discernimento, de minha capacidade cognitiva, da faculdade de pensar, da liberdade de escolher, acertar ou errar. Sei que renúncia ou negação não fará de mim uma criança, e sim um imaturo. Sei também que ser adulto não é fácil e nem sempre é bom. Mas, mesmo assim, estou decidido a continuar agindo como tal.

    E você, o que decide?




    Referências:
    quarta-feira, abril 29, 2009 | Autor: Ebenézer Teles Borges
    Era uma vez um sapo. Mas aquele não era um sapo qualquer, era um príncipe. Uma bruxa malvada lançou sobre ele uma maldição: palavras mágicas infectadas de poder malévolo transformaram o humano de sangue azul em anfíbio de sangue frio. Quanto poder nas palavras!

    Eu era uma criança e, em minha inocência infantil, ficava fascinado com o poder das palavras que, na boca de uma classe privilegiada, transcendiam a esfera dos símbolos, ganhavam densidade e se realizavam no mundo objetivo. Perguntava-me, num misto de admiração e temor, se tais seres como bruxas, feiticeiros, encantadores, magos, adivinhos, videntes e profetas realmente existiam. Acreditava, isto sim, que acima deles, numa esfera elevada e inatingível, existia um Ser único e supremo em quem a palavra tinha o dom de se manifestar com força incomparavelmente maior e em proporções muito mais surpreendentes. Num passado distante, num tempo em que nem mesmo o tempo existia, esse Ser fez uso da palavra para dar conteúdo ao vácuo e, do nada, trazer tudo à existência. Está na Bíblia: "E disse Deus: Haja... e houve." (Gênesis 1:3).

    Mesmo hoje, quando minha infância há muito se fez saudade, continuo a me surpreender com poder "mágico" das palavras, às quais recorremos com frequência como instrumento de ação, interação e coação. Por meio da palavra, agimos sobre os outros com incentivos, promessas, elogios, bajulações, mentiras, imprecações, insultos, ofensas e muito mais. E ao assim agirmos – ora exaltando, ora aviltando mediante palavras – é como se, por meio delas, ainda fôssemos capazes de transformar sapos em príncipes e príncipes em sapos.

    E é aqui que começo a sentir certo desconforto, sobre o qual me permito falar em poucas palavras. Sinto-me dominado pela forte impressão de que nossa relação com as palavras às vezes se torna promíscua. Os dicionários definem "promiscuidade" como uma "mistura confusa" [1]. Desconfio que, sob condições que não me são claras, usamos a palavra pra criar uma espécie de realidade virtual dentro da qual nos sentimos mais confortáveis. Essa desconfiança ganha força sempre que ligo a TV e me deparo com programas religiosos nos quais reverendos, pastores, padres e apóstolos usam e abusam de palavras em rituais e cultos. Preces longas e invocações veementes são pronunciadas com fervor, evocando forças misteriosas capazes de manipular as leis da natureza. E são tantos e tão frequentes os milagres que supostamente acontecem que me pergunto se aquilo é ficção (fantasia) ou realidade. Não me parece que eu e eles vivemos a mesma realidade.

    Permitam-me fazer uso de uma ilustração. Todos nós conhecemos bem um semáforo. Trata-se de um instrumento usado para controlar o tráfego de veículos e que faz uso de uma linguagem bastante simples, composta por três sinais luminosos nas cores verde, amarela e vermelha. A cada uma dessas cores está associado um significado: avançar, atenção e parar. Frequentemente vemos automóveis parando quando o semáforo emite um sinal vermelho e avançando quando o sinal está verde. Sabemos que não há nada de mágico ou sobrenatural no semáforo. Temos plena consciência de que a cor vermelha emitida por ele não possui o poder intrínseco de frear um caminhão. Ela é apenas um signo, um sinal, que o motorista interpreta como "pare!".

    Parece simples, mas nem sempre nossa percepção é tão clara. Às vezes nos comportamos como se a palavra (o vermelho do semáforo), na boca de nossos guias, possuísse poder sobrenatural capaz de frear acontecimentos ruins ou mover o Universo em nosso favor. Movidos por essa crença, fechamos os olhos (e possivelmente a cabeça) quando eles oram invocando chuva, cura de moléstias, manutenção da saúde, advento de fortuna e, em alguns casos, a ruína e a morte dos inimigos.

    Se ainda fosse criança eu acreditaria em tudo isso... Mas cresci. Hoje, bruxas e feiticeiros já não me metem medo, embora ainda me assombre com o poder das palavras, pois sei que, quando combinadas na dose certa, elas podem ser um sopro de vida ou uma lufada de morte. Usá-las, contudo, para transformar príncipes em sapos (ou coisas do gênero) me parece fantasia da qual gente grande deve desconfiar.


    Referências
    [1] Houaiss - verbete "Promiscuidade" - http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=promiscuidade&stype=k

    terça-feira, abril 22, 2008 | Autor: Ebenézer Teles Borges

    Lembrei-me esta semana, daquela velha história de uma mãe judia, separando-se do filho convocado para servir o exéricito do czar contra os turcos:

    "Não se dedique demais" aconselhava ao filho, "mate um turco e descanse; mate outro turco e descanse outra vez".

    "Mas mamãe", diz o filho " e se o turco me matar?"

    "Matá-lo?" Ela grita indignada, "Por quê? que mal você fez a ele?"



    Referência:

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