sábado, outubro 18, 2008 | Autor: Ebenézer Teles Borges

Autor: Carlos Drumond de Andrade


A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade.
Porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades,
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
Carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

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4 comentários:

On 20 de outubro de 2008 às 09:48 , Cleiton Heredia disse...

Será que existem meias verdades?

Uma meia verdade já não implica numa meia mentira?

Será que quando falamos de meias verdades, não estamos querendo destacar justamente a outra parte que não faz parte da verdade?

Uma verdade parcial é o mesmo que uma meia verdade?

O que é mais perigoso: Uma meia verdade ou uma mentira por inteiro?

Será que algum dia encontrarei uma resposta inteiramente verdadeira para todas estas perguntas?

De acordo com este poema de Carlos Drumont, meias verdades é tudo encontraremos nesta vida.

Se assim for, que cada um complete sua outra metade da verdade como achar melhor e seja feliz.

 
On 21 de outubro de 2008 às 18:45 , Enéias Teles Borges disse...

No primeiro ano da faculdade de direito (faz um tempinho) esse poema foi utilizado pela professora de sociologia. Foram horas discutindo e tentando interpretar o poema.

Considero-o genial pelo objetivo pretendido e allcançado. conduzir à reflexão com base na última frase: "Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia".

 
On 2 de novembro de 2008 às 10:06 , Ricardo disse...

Meia verdade? Como é possível existir meia verdade se não há uma verdade inteira?

O que há é o transcorrer de uma vida. Inicio, meio e fim. Essa é a única verdade.

O inicio é um acidente. O meio é a uma “metamorfose ambulante”; e o fim é a realidade.

Na verdade eu acho que é isso. (rs)

 
On 4 de dezembro de 2008 às 17:56 , Frank Viana Carvalho disse...

Impressionante!!!
Gostei!!!

 
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