sábado, julho 11, 2009 |
Autor: Ebenézer Teles Borges
Na última quinta-feira, feriado em São Paulo, assisti a um documentário na TV sobre as belezas e encantos naturais do Parque do Iguaçu. Água em abundância, cachoeiras exuberantes, floresta majestosa, fauna riquíssima e turistas boquiabertos. E não é pra menos. O cenário é grandioso, imponente, paradisíaco, de tirar o fôlego e despertar em qualquer um suspiros de admiração.
Já na parte final do documentário, minha atenção foi direcionada para um casal de guaxes (ver imagem acima) em sua labuta diária para prover o sustento da prole. Lembrei-me de uma antiga lição aprendida na infância: "Deus cuida dos passarinhos e, de igual modo, cuidará também de nós". Observei que um dos pais esforçava-se para colocar uma lagarta, ainda viva, no bico do filhote, o que acabou conseguindo na terceira tentativa. Pensei: "Se Deus cuida dos passarinhos, quem cuidará das lagartas?"...
Sempre gostei de pássaros, com os quais convivi por toda a infância. Ainda hoje, meu apreço por eles continua grande. Não posso dizer o mesmo das lagartas. De uma forma geral, sinto aversão a insetos, mas naquele momento, enquanto assistia ao documentário, surpreendi-me tomando as dores da lagarta, mesmo reconhecendo como legítima a atitude instintiva do pai-guaxe de prover alimento para seu filhote.
Quem cuidará das lagartas? Quem cuidará das lagartas?
Essa pergunta ainda ecoava em minha mente quando entrou em cena um novo protagonista: um enorme tucano. Tucanos são aves que se alimentam principalmente de frutas. No entanto, para complementar sua dieta, eles se servem também de insetos, lagartos, ovos e - para meu espanto! - de filhotes de guaxes...
E eu, que pouco antes me compadecia da lagarta que foi servida como alimento ao filhote de guaxe, agora me condoía com o próprio filhote, transformado repentinamente em iguaria pelo tucano...
E o Parque do Iguaçu, até então retratado como majestoso e belo no documentário, perdeu, aos meus olhos, grande parte de seu encanto. E o ruído imponente e forte das cataratas já não era capaz de alcançar meus ouvidos, abafado que foi pelo gemido frágil do indefeso filhote de guaxe.
O documentário chegou ao fim, mas minha cabeça prosseguiu pensando. Aprendi que Deus cuida das aves... Mas será que Ele tem preferência pelas maiores e mais fortes? Se for esse o caso, então bem-aventurados sejam os tucanos.
Mas, e as lagartas, quem cuidará delas?...
Já na parte final do documentário, minha atenção foi direcionada para um casal de guaxes (ver imagem acima) em sua labuta diária para prover o sustento da prole. Lembrei-me de uma antiga lição aprendida na infância: "Deus cuida dos passarinhos e, de igual modo, cuidará também de nós". Observei que um dos pais esforçava-se para colocar uma lagarta, ainda viva, no bico do filhote, o que acabou conseguindo na terceira tentativa. Pensei: "Se Deus cuida dos passarinhos, quem cuidará das lagartas?"...
Sempre gostei de pássaros, com os quais convivi por toda a infância. Ainda hoje, meu apreço por eles continua grande. Não posso dizer o mesmo das lagartas. De uma forma geral, sinto aversão a insetos, mas naquele momento, enquanto assistia ao documentário, surpreendi-me tomando as dores da lagarta, mesmo reconhecendo como legítima a atitude instintiva do pai-guaxe de prover alimento para seu filhote.
Quem cuidará das lagartas? Quem cuidará das lagartas?
Essa pergunta ainda ecoava em minha mente quando entrou em cena um novo protagonista: um enorme tucano. Tucanos são aves que se alimentam principalmente de frutas. No entanto, para complementar sua dieta, eles se servem também de insetos, lagartos, ovos e - para meu espanto! - de filhotes de guaxes...
E eu, que pouco antes me compadecia da lagarta que foi servida como alimento ao filhote de guaxe, agora me condoía com o próprio filhote, transformado repentinamente em iguaria pelo tucano...
E o Parque do Iguaçu, até então retratado como majestoso e belo no documentário, perdeu, aos meus olhos, grande parte de seu encanto. E o ruído imponente e forte das cataratas já não era capaz de alcançar meus ouvidos, abafado que foi pelo gemido frágil do indefeso filhote de guaxe.
O documentário chegou ao fim, mas minha cabeça prosseguiu pensando. Aprendi que Deus cuida das aves... Mas será que Ele tem preferência pelas maiores e mais fortes? Se for esse o caso, então bem-aventurados sejam os tucanos.
Mas, e as lagartas, quem cuidará delas?...
3 comentários:
Pois é: a natureza pode até ser bela, pelo ponto de vista do predador. Uma pena que a cultura religiosa reinante não mostre tudo o que a natureza de fato tem para ser exibido. A terra parece uma imensa praça de alimentação e o homem insta em ver "deus" nesta natureza...
Coincidentemente, voltando de uma viagem a Foz do Iguaçu, minha esposa resolveu me provocar dizendo que a floresta à margem da estrada era uma linda obra das mãos de Deus. Uma amostra do seu bom gosto. Retruquei dizendo que eu poderia parar o carro para que ela descesse e conferisse de perto o bom gosto e amorosidade do Criador. Disse que aguardaria na segurança do automóvel por algum tempo para que ela tivesse a oportunidade de adentrar na mata para conferir de perto a genialidade e bondade de Deus. Não sei porque ela não aceitou, interrompendo o bate-papo com um sorriso sem graça.
Numa floresta uma planta só sobrevive se sufocar as demais ao seu redor. O bicho maior sempre comerá o menor. Até mesmo os herbívoros comem, mesmo que acidentalmente, uma infinidade de insetos e pequeninos animais.
Qualquer pessoa minimamente sensata sabe que não há nada de paradisíaco numa selva e na relação entre seus habitantes.
Eis porque entendo "perfeição" como sinônimo de "desconhecido".