terça-feira, junho 30, 2009 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Sempre me lembro do Drummond em minhas andanças por Sampa. Viajo todos os dias. Moro longe e trabalho distante. Vivo na estrada, entre os carros, ora indo, ora vindo, horas parado! Quantos acidentes...

À noite, de volta pra casa, passo pela Castelo, percorro o Rodoanel, prossigo pela sinuosa Raposo e esbarro no congestionamento da Marginal. Haja paciência...

Ouço os motores nervosos dos carros parados e as buzinas irritantes das motos apressadas que avançam na marra, coleando aqui, esbarrando ali, caindo mais adiante. E o tráfego que já era caótico fica indescritível. O tempo passa... Motoqueiros passam... Tartarugas passam... E o trânsito não flui. Deus do céu, o que está acontecendo?

E os céus me ouvem. A resposta tarda (e como tarda), mas não falha. Ali está a causa. Ali, no meio da pista, no meio do caminho, comprometendo a fluidez: uma pedra, digo, um motoqueiro, caído, bem no meio do caminho, ou melhor, da Marginal, rodeado por outros tantos motoqueiros agitados. E não resisto à tentação de parafrasear Drummond:

No meio do caminho tinha um motoqueiro
tinha um motoqueiro no meio do caminho
tinha um motoqueiro
no meio do caminho tinha um motoqueiro.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha um motoqueiro
tinha um motoqueiro no meio do caminho
no meio do caminho tinha um motoqueiro.
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2 comentários:

On 1 de julho de 2009 às 13:30 , Edleuza disse...

Você tem um jeito muito gostoso de se expressar... frase a frase vai nos envolvendo com palavras, que viram imagens e emoções na mente da gente. PARABÉNS!

 
On 1 de julho de 2009 às 19:27 , Enéias Teles Borges disse...

Um conhecido meu nem chama mais de motoqueiro. Chama se presunto. Quanto todo dia morre um em Sampa...

 
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