quarta-feira, julho 16, 2008 |
Autor: Ebenézer Teles Borges
A frase que serve de título para este texto é de autoria do poeta e filósofo espanhol Jorge Santayana.
Ainda cedo o telefone tocou e pensei: "alguém resolveu me despertar para ser o primeiro a me desejar feliz aniversário". Enganei-me. A motivação era outra: o falecimento de minha avó, uma pessoa simples, desconhecida por muitos, insignificante para a maioria. Alguém que viveu uma vida comum entre comuns, sem destaque, sem holofotes. Passei parte do dia ao lado de minha mãe, para quem minha avó não era comum - era especial. E enquanto as horas avançavam em lenta agonia, entre suspiros e saudades, refletia sobre a brevidade da vida e não encontrava motivos para comemorar mais um aniversário.
Por ter nascido neste dia (16 de julho), é até natural que eu tenha guardado em memória alguns fatos que aniversariam comigo. Hoje, contudo, constatei uma infeliz coincidência e resolvi relatá-la abaixo, organizada numa seqüencia semanal.
Domingo: 16 de julho de 1950. Maracanã cheio. Final da Copa do Mundo. Um gol aos 34 minutos do segundo tempo fez o Uruguai sorrir e o Brasil inteiro chorar...
Segunda: 16 de julho de 1979. Saddan Hussein assume o governo do Iraque...
Terça: 16 de julho de 1945. Explode a primeira bomba atômica, num campo de testes próximo a Los Alamos, no Novo México (USA). Essa bomba se chamava "Trinity" ou Trindade. No mês seguinte, duas delas foram lançada sobre o Japão e assustaram o mundo.
Quarta: 16 de julho de 2008. Hoje. Morre minha avó!
Quinta: 16 de julho de 1556. Essa história é curiosa: Morre o primeiro bispo do Brasil, Dom Pero Fernandes Sardinha, conhecido por sua impaciência e rigidez no trato com os nativos. O navio em que se encontrava naufragou na costa do atual estado das Alagoas. Com muito esforço, o bisco de compleição roliça conseguiu chegar à praia. Mas o pior o aguardava. Os índios Caetés o esperavam e reservavam para ele um lugar especial, "pertinho do coração". Assim termina a história do primeiro bispo do Brasil: no estômago dos índios Caetés.
Sexta: 16 de julho de 622. Maomé foge de Meca para Medica, escapando de tribos politeístas que queriam matá-lo por sua crença na existência de um Deus único. Essa data marca o início do calendário muçulmano.
Sábado: Já ouvi essa história um monte de vezes. Hoje eu a ouvi outra vez. Meus pais não se cansam de contá-la. Foi na madrugada de sexta para sábado, por volta das 5:30h da manhã, que eu soltei o primeiro berro. Enquanto eles sorriam eu chorava... Não me lembro desse dia. Eu era pequeno demais reter esse fato em memória. Desde então, muita coisa mudou. Mas há algo que permanece comigo: ainda me sinto pequeno - impotente diante dos mistérios da vida.
Compartilho com todos a música de Erasmo e Roberto Carlos "Sou Uma Criança Não Entendo Nada". Cantem comigo:
Antigamente, quando eu me excedia
Ou fazia alguma coisa errada
Naturalmente, minha mãe dizia:
- Ele é uma criança, não entende nada
Por dentro, eu ria satisfeito e mudo
Eu era um homem, entendia tudo
Hoje, só, com os meus problemas
Rezo muito, mas eu não me iludo
Sempre me dizem, quando eu fico sério:
- Ele é um homem e entende tudo
Por dentro, com a alma atarantada
Sou uma criança, não entendo nada
Ainda cedo o telefone tocou e pensei: "alguém resolveu me despertar para ser o primeiro a me desejar feliz aniversário". Enganei-me. A motivação era outra: o falecimento de minha avó, uma pessoa simples, desconhecida por muitos, insignificante para a maioria. Alguém que viveu uma vida comum entre comuns, sem destaque, sem holofotes. Passei parte do dia ao lado de minha mãe, para quem minha avó não era comum - era especial. E enquanto as horas avançavam em lenta agonia, entre suspiros e saudades, refletia sobre a brevidade da vida e não encontrava motivos para comemorar mais um aniversário.
Por ter nascido neste dia (16 de julho), é até natural que eu tenha guardado em memória alguns fatos que aniversariam comigo. Hoje, contudo, constatei uma infeliz coincidência e resolvi relatá-la abaixo, organizada numa seqüencia semanal.
Domingo: 16 de julho de 1950. Maracanã cheio. Final da Copa do Mundo. Um gol aos 34 minutos do segundo tempo fez o Uruguai sorrir e o Brasil inteiro chorar...
Segunda: 16 de julho de 1979. Saddan Hussein assume o governo do Iraque...
Terça: 16 de julho de 1945. Explode a primeira bomba atômica, num campo de testes próximo a Los Alamos, no Novo México (USA). Essa bomba se chamava "Trinity" ou Trindade. No mês seguinte, duas delas foram lançada sobre o Japão e assustaram o mundo.
Quarta: 16 de julho de 2008. Hoje. Morre minha avó!
Quinta: 16 de julho de 1556. Essa história é curiosa: Morre o primeiro bispo do Brasil, Dom Pero Fernandes Sardinha, conhecido por sua impaciência e rigidez no trato com os nativos. O navio em que se encontrava naufragou na costa do atual estado das Alagoas. Com muito esforço, o bisco de compleição roliça conseguiu chegar à praia. Mas o pior o aguardava. Os índios Caetés o esperavam e reservavam para ele um lugar especial, "pertinho do coração". Assim termina a história do primeiro bispo do Brasil: no estômago dos índios Caetés.
Sexta: 16 de julho de 622. Maomé foge de Meca para Medica, escapando de tribos politeístas que queriam matá-lo por sua crença na existência de um Deus único. Essa data marca o início do calendário muçulmano.
Sábado: Já ouvi essa história um monte de vezes. Hoje eu a ouvi outra vez. Meus pais não se cansam de contá-la. Foi na madrugada de sexta para sábado, por volta das 5:30h da manhã, que eu soltei o primeiro berro. Enquanto eles sorriam eu chorava... Não me lembro desse dia. Eu era pequeno demais reter esse fato em memória. Desde então, muita coisa mudou. Mas há algo que permanece comigo: ainda me sinto pequeno - impotente diante dos mistérios da vida.
Compartilho com todos a música de Erasmo e Roberto Carlos "Sou Uma Criança Não Entendo Nada". Cantem comigo:
Antigamente, quando eu me excedia
Ou fazia alguma coisa errada
Naturalmente, minha mãe dizia:
- Ele é uma criança, não entende nada
Por dentro, eu ria satisfeito e mudo
Eu era um homem, entendia tudo
Hoje, só, com os meus problemas
Rezo muito, mas eu não me iludo
Sempre me dizem, quando eu fico sério:
- Ele é um homem e entende tudo
Por dentro, com a alma atarantada
Sou uma criança, não entendo nada
Categoria:
aniversário,
vida
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4 comentários:
Percebi que nas suas anotações de domingo a sexta você colocou o ano, mas não o fez ao mencionar seu nascimento. Por acaso esta é uma estratégia para não descobrirmos sua idade? (rs)
Bem, de qualquer forma, ainda que tardio, aí vai o meu mais sincero PARABÉNS PARA VOCÊ.
Se for pensar em fazer uma festinha de aniversário, pode deixar o show de mágica por minha conta.
Um forte abraço meu grande amigo!
Ebenézer (mano):
Logo cedo, aqui no trabalho, resolvi lhe enviar (e enviei) mensagem de Feliz Aniversário. Logo em seguida em recebi a ligação. A notícia triste chegou e tomou conta do dia. Fui ficar com a mãe tão logo você saiu...
A nossa avó faleceu com 102 anos, 2 meses e 8 dias. E entre os 365 dias possíveis aconteceu bem no dia 16/07 – seu aniversário. Coincidência?
No seu texto você relacionou acontecimentos dantescos, certo? Mas 16 de julho, para nós, sempre será um dia especial. O dia do seu nascimento! Pode crer, é verdade!
Abraços!
Certamente você está precisando de férias... 30 dias - no mínimo!!! Quem sabe se, depois de descansar um pouco das inúmeras tensões que seu trabalho tem ocasionado, você possa elencar alguns acontecimentos alegres, marcantes e cheios de vida, festejados em 16 de julho.
Mas caso não consiga tirar férias, nada como uma corrida numa bela manhã ensolarada de inverno, por uma estrada calma cercada de muito verde, ouvindo o cântico dos pássaros, sentindo a brisa fria no rosto, enchendo os pulmões de ar revigorante a cada passada, e sem qualquer compromisso com o tempo.