domingo, janeiro 25, 2009 | Autor: Ebenézer Teles Borges
Em sua Autobiografia, Darwin assim se expressa quanto a essa questão:

"Outra fonte de convicção quanto à existência de Deus, ligada com a razão e não com os sentimentos, influencia-me como tendo muito mais peso. É uma questão da extrema dificuldade, ou melhor, impossibilidade, de conceber este imenso e maravilhoso universo, incluindo o homem com a sua capacidade de olhar para o passado distante e para o futuro longínquo, como sendo o resultado do acaso cego ou da necessidade. Quando começo a refletir assim, sinto-me obrigado a recorrer a uma Causa Inicial que possua uma mente inteligente, até certo ponto análoga à mente do homem; e mereço ser chamado Teísta.

"Esta conclusão estava fortemente implantada na minha mente, tanto quanto me posso recordar, pela altura em que escrevi 'A Origem das Espécies'; e foi depois disso que se tornou gradualmente mais fraca, com muitas flutuações.

"Mas então surge a dúvida - será que a mente do homem, que se desenvolveu, como creio sem reservas, a partir de uma mente tão primitiva como aquela que o animal mais primitivo possui, é de confiança relativamente à sua capacidade de inferir conclusões tão grandiosas? Será que não são simplesmente o resultado da ligação entre causa e efeito que nos impressiona como sendo necessária, mas provavelmente depende apenas da experiência herdada? Nem devemos deixar de considerar a probabilidade de que a constante inculcação da crença em Deus na mente das crianças possa produzir um efeito tão intenso, e talvez herdável, nos seus cérebros ainda não completamente desenvolvidos, que depois é tão difícil para elas abandonarem a sua crença como é para um macaco abandonar o seu medo intenso e instintivo de cobras. Não posso pretender lançar luz dobre problemas tão abstrusas. O mistério do início de todas as coisas é insolúvel para nós; e por isso contento-me em permanecer Agnóstico."


Referências:
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4 comentários:

On 26 de janeiro de 2009 às 09:57 , Cleiton Heredia disse...

A cada dia que passa me convenço mais e mais que o agnosticismo é a melhor opção para aqueles que procuram pela verdade, que querem a verdade seja ela qual for, que não temem pela verdade e nem fogem dela quando a encontram.

 
On 26 de janeiro de 2009 às 15:08 , Enéias Teles Borges disse...

A respeito do texto e do comentário do Cleiton: o agnosticismo segue sendo o reduto dos que não temem a verdade e não se contentam com as vertentes atuais (e contrárias).

(...)

 
On 26 de janeiro de 2009 às 18:40 , Ricardo disse...

O agnóstico não nega nem afirma a existência de Deus, portanto, numa alusão ao texto apocalíptico, o agnóstico não é nem quente nem frio, é morno. Preciso dizer mais alguma coisa (risos).

 
On 20 de agosto de 2012 às 23:39 , Carla disse...

Acho que o agnóstico, no fim das contas, não toma decisão alguma. Isso sim pra mim é fugir da verdade. É simplesmente não querer tocar no problema.

 
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