domingo, outubro 18, 2009 |
Autor: Ebenézer Teles Borges
O poeta Caetano Veloso inspirou-se na realidade da maior e mais rica cidade do Brasil para compor uma de suas inesquecíveis canções – Sampa – na qual faz menção à "força da grana que ergue e destrói coisas belas". A expressão "força da grana" aqui pode ser entendida como sinônimo de "poder"! Poder que cria o belo e concebe o feio; produz fartura e provoca escassez; constrói palácios e dá forma às favelas; favorece a vida e ocasiona a morte... São Paulo parece ser, de fato, assim. Uma cidade na qual a "força da grana" trouxe consigo o contraste, tornando-a, ao mesmo tempo, imponente e modesta, rica e pobre, luxo e lixo, apressada e vagarosa, acolhedora e inóspita, bonita e feia.
Mas não é meu objetivo aqui falar sobre a cidade de São Paulo, e sim pegar carona na frase de Caetano que sintetiza com precisão e beleza o que me parece acontecer em todo lugar em que há concentração humana, não importando o tamanho desse aglomerado de gente. Observem que o poder, ou a "força da grana", como prefere dizer o poeta, engendra uma realidade assimétrica, na qual o oposto se faz presente e necessário. O progresso traz consigo o retrocesso, e a prosperidade de uns impõe a decadência a outros.
A desigualdade social encontra equilíbrio na posse do poder. De um lado, poucos que podem muito; do outro, muitos que podem pouco. Nada a ver com a república de Aristóteles na qual a autoridade e o poder emanam do povo, em beneficio do qual deveriam ser exercidos. Nada disso. Quando ouço algo parecido, penso que seja pura retórica política ou utopia visionária. O poder sempre foi exercido por quem o detém em benefício próprio. Quanto mais poder se tem, mais poder se quer. Foi assim na antiga Suméria, no Egito dos Faraós, nas monarquias teocráticas de Davi e Salomão, na ditadura romana dos Césares, no feudalismo europeu, na Revolução Francesa, na Alemanha de Hittler e no Brasil do PT e do ex-operário e "homem do povo", Lula.
Não era sobre isso que queria escrever. Infelizmente padeço do mal da dispersão e acabo divagando e perdendo o foco. Fiz mau uso uso da poesia de Caetano... Paciência. Como estou decidido a atualizar o blog hoje, vai esse texto mesmo. Em outra ocasião tentarei desenvolver a idéia original.
E para salvar o texto, resolvi resgatar uma música que ouvia quando criança, de autoria de Dom e Ravel, que trata desse jogo de poder nas relações sociais. Poder esse que frequentemente faz de nós, seres conscientes e inteligentes, mais cruéis que os animais que costumamos rotular de irracionais. O nome da canção não poderia ser outro: "Animais Irracionais".
Às vezes eu olho pra terra sem compreender
A luta dos seres humanos pra sobreviver.
O grande açoitando o pequeno,
Terceiros mandando apartar,
Mas na maioria das vezes o grande não quer parar.
Tem vezes que o desesperado se põe a pensar (a pensar)
Por que deve aos pés de um dos grandes se ajoelha?
Eu passo por muitas igrejas pedindo respostas de Deus
Pra ele calado no espaço ouvir os lamentos meus.
(refrão)
Animais (animais) nós os homens somos todos meio
Animais irracionais
Levantamos, guerreamos e deitamos e rezamos antes
A vida é um sonho e nada mais. Oh! cantem atrás.
Mas não é meu objetivo aqui falar sobre a cidade de São Paulo, e sim pegar carona na frase de Caetano que sintetiza com precisão e beleza o que me parece acontecer em todo lugar em que há concentração humana, não importando o tamanho desse aglomerado de gente. Observem que o poder, ou a "força da grana", como prefere dizer o poeta, engendra uma realidade assimétrica, na qual o oposto se faz presente e necessário. O progresso traz consigo o retrocesso, e a prosperidade de uns impõe a decadência a outros.
A desigualdade social encontra equilíbrio na posse do poder. De um lado, poucos que podem muito; do outro, muitos que podem pouco. Nada a ver com a república de Aristóteles na qual a autoridade e o poder emanam do povo, em beneficio do qual deveriam ser exercidos. Nada disso. Quando ouço algo parecido, penso que seja pura retórica política ou utopia visionária. O poder sempre foi exercido por quem o detém em benefício próprio. Quanto mais poder se tem, mais poder se quer. Foi assim na antiga Suméria, no Egito dos Faraós, nas monarquias teocráticas de Davi e Salomão, na ditadura romana dos Césares, no feudalismo europeu, na Revolução Francesa, na Alemanha de Hittler e no Brasil do PT e do ex-operário e "homem do povo", Lula.
Não era sobre isso que queria escrever. Infelizmente padeço do mal da dispersão e acabo divagando e perdendo o foco. Fiz mau uso uso da poesia de Caetano... Paciência. Como estou decidido a atualizar o blog hoje, vai esse texto mesmo. Em outra ocasião tentarei desenvolver a idéia original.
E para salvar o texto, resolvi resgatar uma música que ouvia quando criança, de autoria de Dom e Ravel, que trata desse jogo de poder nas relações sociais. Poder esse que frequentemente faz de nós, seres conscientes e inteligentes, mais cruéis que os animais que costumamos rotular de irracionais. O nome da canção não poderia ser outro: "Animais Irracionais".
Às vezes eu olho pra terra sem compreender
A luta dos seres humanos pra sobreviver.
O grande açoitando o pequeno,
Terceiros mandando apartar,
Mas na maioria das vezes o grande não quer parar.
Tem vezes que o desesperado se põe a pensar (a pensar)
Por que deve aos pés de um dos grandes se ajoelha?
Eu passo por muitas igrejas pedindo respostas de Deus
Pra ele calado no espaço ouvir os lamentos meus.
(refrão)
Animais (animais) nós os homens somos todos meio
Animais irracionais
Levantamos, guerreamos e deitamos e rezamos antes
A vida é um sonho e nada mais. Oh! cantem atrás.
5 comentários:
Bom texto (fazia tempo). Buscou no fundo do baú.
Abraços.
Fiquei curioso em ouvir esta música e a encontrei no link abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=iCi5kNBdhMc
Infelizmente a melodia não fez juz a letra.
Cleiton:
A melodia é boa - o arranjo é que, neste caso, não está muito bom. Já ouvi versão bem melhor.
Abraços.
Cleiton,
Valeu pelo link. Essa dupla fez muito sucesso no inicio dos anos 70 com músicas que que marcaram. Lembro-me outras como "Eu te amo meu Brasil", "Você também é responsável", "Marcas do que se foi" (Essa era sempre tocada na virada do ano na Globo ou Tupi, não me lembro bem).
Poxa...que texto interessante.
Gostei principalmente da parte em que destaca que quanto mais poder se tem, mais poder se quer. E realmente, é o que o governo Lula parece comprovar,não?
Nunca ouvi falar dessa dupla, vejo que terei que pesquisar...ahahahaha
Abraço
=D