sábado, janeiro 09, 2010 |
Autor: Ebenézer Teles Borges
Virada de ano, clima de festa e cenário paradisíaco: serras imponentes, cobertas por exuberante floresta tropical, em perfeita harmonia com um mar de águas claras e mansas, pontilhadas por dezenas (talvez centenas) de pequenas ilhas, com suas praias calmas e areias brancas... Angra dos Reis é assim. Um lugar difícil de ser adjetivado. Um verdadeiro paraíso!
Na virada do ano, esse paraíso conheceu o inferno. Chuvas torrenciais e contínuas fizeram com que parte da Serra fosse afogar-se no mar, arrastando consigo o que encontrou pela frente. Árvores tombaram, pedras rolaram, lama fluiu, casas ruíram e mais de cinquenta vidas foram ceifadas.
A televisão se encarregou de trazer a tragédia para dentro de minha casa. Fiquei ali, na sala, boquiaberto, sem palavras, quase sem piscar, hipnotizado pela força das imagens. Vi a chuva se confundir com as lágrimas do povo e o ribombar dos trovões ser abafado pelo gemido de homens que, atordoados, mais pareciam meninos, crianças confusas, perdidas, sem saber o que fazer ou a quem recorrer.
A tragédia não fez distinção entre crianças, idosos, pais de família, santos ou pecadores. Levou uns, deixou outros e escancarou, de forma fria e rude, nossa pequenez e fragilidade diante dos fenômenos naturais.
Você e eu, que vivemos no Brasil, um país colonizado por cristãos, fomos ensinados a acreditar na existência de um Deus todo-poderoso e misericordioso que está no controle de tudo. Esse Deus sabe o que faz, é o que nos disseram. Mas diante de tragédias como essa, que nos abateu na virada do ano, muitos devem ter-se feito a mesma pergunta: Será que Deus realmente sabe o que faz? Será que ele está no controle?
Tom Roney, ministro por mais de vinte anos na Inglaterra, é uma dessas pessoas que passou boa parte da vida falando sobre Deus. Supostamente, deve conhecê-lo melhor que a maioria de nós. Pouco depois da grande tsunami de 2004 ele fez um sermão marcado pela honestidade, em que questiona seu conhecimento a respeito de Deus... Logo abaixo, disponibilizo o vídeo desse sermão. Não me alongarei aqui sobre o seu conteúdo, pois ele fala por si mesmo. Recomendo-lhe que invista dezenove minutos de seu tempo nesse vídeo. Vale a pena.
O áudio está em inglês, mas é possível adicionar legenda em português clicando em "View subtitles" .
3 comentários:
Acho que este sermão é uma das evidências que o Deus bíblico tal como as religiões cristãs tradicionais o entendem, não pode resistir ao crivo de uma mente racional que questiona.
O sermão foi a mais pura expressão da honestidade de um homem que no fim das contas não conseguiu conciliar o conceito bíblico do Deus todo poderoso e no controle de todas as coisas (até de um pardal ou um fio de cabelo que cai) com a realidade aleatória das grandes tragédias vividas indiscriminadamente neste planeta.
Diante do questionamento de quem é realmente este Deus que muitos insistem em acreditar, e sem saber se é um ser pessoal que se preocupa conosco ou algum tipo de força impessoal, este pastor dá a única resposta honesta possível: "Eu não sei!"
Frustrante, mas pelo menos honesto.
Recomendo o filme "A Vila". Ele mostra uma pálida idéia de como é possível levar pessoas a acreditarem no inacreditável.
Eu estive perto do olho do furacão em Angra e presenciei o drama de Cunha e São Luiz do Paraitinga.
Rever conceitos é um avanço, mas que é impossível no contexto no qual crescemos.
acho que este pastor, perdeu a esperança.