quarta-feira, dezembro 26, 2007 |
Autor: Ebenézer Teles Borges
Escrevi recentemente, de forma laica, a respeito do "Sentido do texto" (I Parte e II Parte). Para tanto, fiz extensivo uso de palavras. Selecionei-as atenciosamente, organizei-as com esmero, embalei-as com muito cuidado num "pacote-texto" e as publiquei neste blog na expectativa de que pudessem transmitir a outros as idéias que fluíam em minha mente.
Enquanto redigia, pensava no poder mágico das palavras; poder para expressar idéias, evocar lembranças, convencer mentes, comover corações, despertar emoções, fazer sorrir, chorar, sonhar; poder capaz de retratar em cores vivas, no palco da mente, a realidade que nos cerca e da qual fazemos parte. De acordo com Dicionário Filológico da Academia Brasileira de Letras [1] nosso universo de palavras é composto por trezentos e sessenta mil itens. E pensar que tudo isso foi construído mediante combinações de apenas vinte e três elementos simbólicos que compõem nosso alfabeto!
Palavras enfeitiçam – seduzem, atraem, cativam, encantam. Pensei em uma delas: "amarelo" e a imaginação logo se tingiu de gradações douradas e se perdeu em divagações e delírios: Será que o amarelo que meus olhos apreendem é o mesmo amarelo que outras pessoas enxergam? Creio que não. O mais provável é que, do mundo real, não percebamos as cores com a mesma clareza, nitidez e intensidade. Contudo, no mundo simbólico e mágico das letras, a palavra "amarelo" desperta em nós ligação semântica semelhante: cor de ouro, de gema de ovo, de açafrão, de canário da terra, de camisa da seleção... E no "LCD" da mente, ganha vulto e movimento a figura do rei Pelé: estampa dez no manto amarelo; soco no ar; vibração. É mais um gol da seleção...
E é nesse clima de total embriaguez no álcool das palavras que me pego indagando a respeito da palavra "palavra"... O que se pode dizer sobre ela? É possível defini-la?
Definir: estabelecer limites. Os limites de uma palavra são demarcados por espaços ou por algum sinal de pontuação. Ao definir uma palavra limitamos seu valor, restringimos-lhe o significado. Em seguida a usamos para designar, rotular, dar nome a coisas do mundo real. "Palavra" é o rótulo genérico – o nome – que usados para fazer referência a qualquer vocábulo. "Palavra" é coletivo de palavras.
O português é uma língua neolatina [2]. Nossa palavra "palavra" deriva do latim paraböla que nos remete ao grego parabolé que significa "comparação". Será que parábola e palavra são a mesma coisa?
Cresci num meio cristão. Desde cedo tomei ciência das parábolas de Jesus. Para mim, parábola e palavra nunca foram sinônimas. Conheci parábola como um recurso retórico mediante o qual Jesus transmitia preceitos morais. Eram narrativas alegóricas que faziam uso de analogia ou comparação. Cito três: A Dracma perdida; A ovelha perdida; O Filho pródigo (Lucas 15) [3]. A propósito, qual é mesmo o significado da palavra "pródigo"? Pense um pouco.
Pródigo: sinônimo de gastador, esbanjador, perdulário. Sinônimos: palavras diferentes na escrita e semelhantes no significado. Pois é, parábola e palavra já foram sinônimas, num passado distante.
Transcorria o século IV EC quando S. Jerônimo traduziu a Bíblia para o Latim. Nascia a Vulgata [4], versão que, mais tarde, no Concílio de Trento [5], foi declarada a oficial da igreja romana. Foi nela que "parábola" tomou o significado de "palavra", superando o uso do latim verbum [6]. Graças a Jerônimo e à popularidade da Vulgata é que hoje usamos "palavra" em lugar de "verbo". Não fosse por ele, talvez o título deste artigo seria O verbo "verbo" e não A palavra "palavra".
Enquanto redigia, pensava no poder mágico das palavras; poder para expressar idéias, evocar lembranças, convencer mentes, comover corações, despertar emoções, fazer sorrir, chorar, sonhar; poder capaz de retratar em cores vivas, no palco da mente, a realidade que nos cerca e da qual fazemos parte. De acordo com Dicionário Filológico da Academia Brasileira de Letras [1] nosso universo de palavras é composto por trezentos e sessenta mil itens. E pensar que tudo isso foi construído mediante combinações de apenas vinte e três elementos simbólicos que compõem nosso alfabeto!
Palavras enfeitiçam – seduzem, atraem, cativam, encantam. Pensei em uma delas: "amarelo" e a imaginação logo se tingiu de gradações douradas e se perdeu em divagações e delírios: Será que o amarelo que meus olhos apreendem é o mesmo amarelo que outras pessoas enxergam? Creio que não. O mais provável é que, do mundo real, não percebamos as cores com a mesma clareza, nitidez e intensidade. Contudo, no mundo simbólico e mágico das letras, a palavra "amarelo" desperta em nós ligação semântica semelhante: cor de ouro, de gema de ovo, de açafrão, de canário da terra, de camisa da seleção... E no "LCD" da mente, ganha vulto e movimento a figura do rei Pelé: estampa dez no manto amarelo; soco no ar; vibração. É mais um gol da seleção...
E é nesse clima de total embriaguez no álcool das palavras que me pego indagando a respeito da palavra "palavra"... O que se pode dizer sobre ela? É possível defini-la?
Definir: estabelecer limites. Os limites de uma palavra são demarcados por espaços ou por algum sinal de pontuação. Ao definir uma palavra limitamos seu valor, restringimos-lhe o significado. Em seguida a usamos para designar, rotular, dar nome a coisas do mundo real. "Palavra" é o rótulo genérico – o nome – que usados para fazer referência a qualquer vocábulo. "Palavra" é coletivo de palavras.
O português é uma língua neolatina [2]. Nossa palavra "palavra" deriva do latim paraböla que nos remete ao grego parabolé que significa "comparação". Será que parábola e palavra são a mesma coisa?
Cresci num meio cristão. Desde cedo tomei ciência das parábolas de Jesus. Para mim, parábola e palavra nunca foram sinônimas. Conheci parábola como um recurso retórico mediante o qual Jesus transmitia preceitos morais. Eram narrativas alegóricas que faziam uso de analogia ou comparação. Cito três: A Dracma perdida; A ovelha perdida; O Filho pródigo (Lucas 15) [3]. A propósito, qual é mesmo o significado da palavra "pródigo"? Pense um pouco.
Pródigo: sinônimo de gastador, esbanjador, perdulário. Sinônimos: palavras diferentes na escrita e semelhantes no significado. Pois é, parábola e palavra já foram sinônimas, num passado distante.
Transcorria o século IV EC quando S. Jerônimo traduziu a Bíblia para o Latim. Nascia a Vulgata [4], versão que, mais tarde, no Concílio de Trento [5], foi declarada a oficial da igreja romana. Foi nela que "parábola" tomou o significado de "palavra", superando o uso do latim verbum [6]. Graças a Jerônimo e à popularidade da Vulgata é que hoje usamos "palavra" em lugar de "verbo". Não fosse por ele, talvez o título deste artigo seria O verbo "verbo" e não A palavra "palavra".
Referências Bibliográficas
[1] Dicionário Filológico da Academia Brasileira de Letras - http://www.academia.org.br/ Ver também http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos/lin290820012.htm
[2] Português língua neolatina - http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_portuguesa
[3] Parábolas de Jesus - http://www.bibliaonline.com.br/acf/lc/15
[4] Vulgata - http://pt.wikipedia.org/wiki/Vulgata
[5] Concílio de Trento - http://pt.wikipedia.org/wiki/Conc%C3%ADlio_de_Trento
[6] Hitória da palavra PALAVRA - http://steinhardts.wordpress.com/2007/07/14/a-historia-da-palavra-palavra/
Categoria:
bíblia,
interpretação de texto,
língua portuguesa
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3 comentários:
não gostei vc é um fracaço
isso é um fracasso em uma porcaria!
NAO gostei
muito bom e o outros vam tomar no cu